ANÁLISE DE TIRINHAS (013): LEITURA & ESQUIVA DA REALIDADE

Fonte: Folha de São Paulo, 24/01/2012

A leitura pode, sem dúvida, ser um fator de fuga da realidade, de esquiva dos relacionamentos possíveis neste mundo. Neste caso, a prática ou as práticas de leitura agem em sentido contrário, levando o leitor a evitar os fatos sociais concretos e as pessoas de carne e osso.

Lembrando Paulo Freire, "leitura do mundo precede a leitura da palavra; a leitura da palavra se alonga na inteligência do mundo". Este preceito parece ser totalmente quebrado quando pensamos na história expressa na tira acima: aqui o leitor "se esconde" atrás dos livros, esquivando-se da própria esposa e, muito provavelmente, de outras pessoas ao seu redor no seu contexto de vivências.

Pode parecer estranho ou absurdo, mas esse tipo de leitor realmente existe e certamente é um tipo a ser enviado depressinha a um psicoterapeuta... Para ele, o livro deixou de ser um meio e passou a ser um fim em si mesmo; ou, em último caso, um meio para se desviar ou se afastar dos relacionamentos com os seus semelhantes.


Ezequiel Theodoro da Silva vem analisando as tirinhas de jornal há mais de 10 anos. Conheça e adquira o seu livro Reflexões sobre leitura via tirinhas de jornal (segunda edição revista e ampliada).





Comentários

Anônimo disse…
Meu nome é Bruno, tenho 21 anos e sou de Ivaiporã, no Paraná.
Acho que não se deve criticar o excesso de leitura num país onde há tanta falta de leitura.
Melhor que as pessoas se refugiem nos livros do que nas drogas, por exemplo.
Anônimo disse…
Ezequiel
Eu já busquei muito a leitura de textos literários de aventuras como A volta ao mundo de 80 dias, 7 semanas em um balão, A ilha misteriosa, Moby Dick, A ila do Tesouro, O velho e o mar, Robson Crusoé, principalmente as leituras ligadas ao público infanto-juvenil para escapar do sofrimento de minha mãe, sua doença. Quando eu lia um livro, já tinha que ter outros livros ao lado para eu ter certeza que não ficaria sem a oportunidade de poder viver aventuras por meio das leituras. Como não podia ter uma vida social satisfatória por ter que tomar conta de minha mãe, vivia junto com os personagens muitas aventuras, sorria,amava, me divertia, arriscava-me. Também, enquanto eu realizava as leituras, ia conhecendo escritores e estilos, talentos maravilhosos. Por isso, gosto tanto de escrever.
Bom, os livros acabaram funcionando como um escape, uma droga boa pra minha vida.
Fico pensando nas pessoas que sofrem, que não têm a sorte de encontrar no livro o escape que as leve pra longe dos problemas coo eu. Mas eu já gostava de ler muito antes.
rosely hourneaux
professora
Pedagogia/UNESP/ARARAQUARA

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