ANÁLISE DE TIRINHAS (043): LER E(É) ENTENDER
No meu livro "O ato de ler - fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura" (SP: Cortez, 2014|), já na sua 11ª edição, reflito sobre a importância, a natureza e as implicações conceituais sobre a leitura. Para não ter de repetir por demais aquilo que já disse e por motivo de brevidade desta página de blog, defendo a ideia de que ler é compreender os conteúdos e horizontes abertos por um escritor e, a partir desse circuito, compreender-se melhor como ser humano.
Ler sem entender é apenas executar um movimento ocular mecânico da esquerda para a direita, de cima para baixo, e ver o tempo passar - passar sem que nada seja construído em termos de "sentidos", ou seja, compreendido/entendido. Os olhos se movimentam por sobre as páginas ou telas, mas a consciência não segue junto: pura digressão.
Para que se constitua em uma experiência concreta de leitura, o leitor tem de executar um processo complexo de cognição e envolver-se afetivamente de modo que o entendimento possa se desabrochar. Atenção e concentração estão presentes no percurso de leitura, sem o que o leitor pode se perder na passagem dos olhos pelas linhas do texto.
A escritora Maryanne Wolf, refletindo a respeito da leitura/compreensão de mensagens em diferentes mídias e suportes, diz que a leitura do texto impresso oferece um "botão" de pausa exclusivo para o incremento da compreensão. Ou seja, você parar a leitura quando e onde quiser a fim de pensar sobre os sentidos possíveis de um texto. Quando você assiste a um filme, ouve uma fita, vê um vídeo, etc você não pausa o processo porque o fluxo é mais difícil de parar para refletir. Tendo a concordar com ela.
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